6ª. Palestra
REFLEXÕES
SOBRE A DOUTRINA DO QUINTO IMPÉRIO
A Doutrina da Cidadania Social
Filósofos
notáveis em diferentes épocas afirmaram de forma
categórica que a MORTE NÃO INTERROMPE A VIDA, questão
esta que o romance - “Operação: Quinto Império”,
pretende responder de uma forma clara e esclarecida de que a VIDA
EXISTE FORA DA MATÉRIA;
O romance
- “Operação: Quinto Império”, pretende
apresentar uma nova doutrina espiritista e espiritualista, racional e
científica de inspiração cristã que na
História da Humanidade pela primeira vez se apresenta como
única, sendo completamente diferente de quaisquer outras
correntes ou movimentos filosóficos espiritualistas então
surgidos ou existentes no mundo e estando naturalmente vocacionada
para vir a ser um novo movimento idealista fundamentado nos
princípios científicos do EVOLUCIONISMO e mobilizador
de uma nova missão dos Portugueses no mundo !
Eis a
razão deste ciclo de palestras iniciado por nós com
vista a fazer vários desenvolvimentos sobre o romance - “
Operação: Quinto Império” que apresenta e
desenvolve novos conceitos de ordem filosófica, histórica,
espiritualista e científica que no seu conjunto poderemos
designar por “ Doutrina do Quinto Império” !
Ao longo
das nossas palestras temos vindo a desenvolver uma série de
conceitos e fundamentações sobre a “Doutrina do
Quinto Império”. Agora chegámos a uma fase em que
se torna necessário fazer-se uma abordagem
ideológico/espiritualista sobre a doutrina em referência.
A
Doutrina do Quinto Império, tal como é
designada actualmente em Portugal ou seja o Espiritismo
Racional e Científico Cristão, no presente
designado por Racionalismo Cristão, desenvolve
um novo conceito ideológico/espiritualista que
demonstra que a Doutrina do Marxismo na verdade e
perante as leis naturais e imutáveis que regem seres e coisas
e portanto o próprio Universo
é anacrónica e diremos anti-natura,
sendo portanto contrária à evolução do
ser humano, nomeadamente no que se refere à chamada classe
social dos trabalhadores que em lugar de dignificar e valorizar
torna-os passivos de uma situação de total dependência
de ordem colectivista ! Os investigadores, os
politólogos e os ideólogos da Ciência Política
deviam de reflectir
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mais profundamente sobre a natureza da ideologia
do Marxismo e das suas negativas implicações no
que se refere à evolução natural que assiste o
ser humano !
A
maior conquista que o ser humano mercê de milhares e milhares
de anos decorridos e durante os quais a espécie humana lutou
de forma muito sofrível e terrível para lenta e
penosamente indo conquistando uma maior consciência de si
própria como seres vivos e inteligentes, libertando-se gradual
e de forma dolorosa das amarras da ignorância e da brutalidade
de uma natureza inóspita e impiedosa e da luta constante
contra os elementos naturais adversos e de animais predadores,
conquistou uma magnífico atributo do espírito humano –
a capacidade do livre-arbítrio !
É
graças ao livre-arbítrio que o Homem se
torna autónomo e senhor do seu destino e não são
as doutrinas político/ideológicas como os diferentes
movimentos gerados pelo Marxismo ou das correntes fomentadas pelo
liberalismo e neo-liberalismos que irão originar a libertação
do ser humano, pelo contrário ! Na verdade aqueles movimentos
ideológicos só poderão ser considerados como os
meios necessários para que a espécie humana possa
evoluir nos planos material, intelectual e principalmente espiritual,
não sendo fins para satisfazer a ganância desmedida de
alguns seres humanos. O Comunismo gerado pela doutrina marxista como
historicamente ficou demonstrado foi e é uma amarra
insuportável da ambição desmesurada humana,
consequência directa de um total desconhecimento da razão
da existência do ser humano neste planeta !
A
doutrina comunista suprime simplesmente a liberdade e a capacidade da
livre iniciativa e do espírito criativo, ferramentas
essenciais para o desenvolvimento da personalidade humana !
O
próprio capitalismo nascido do pensamento positivista, embora
permitindo autonomia aos seres humanos, mostrou-se igualmente com
efeitos perversos, estando a ter no presente e numa perspectiva
global para o mundo tornar-se um produto final que se chama –
especulação financeira
provocando nos fins do Século XX e inícios dos Século
XXI, uma autentica hecatombe para não dizer canibalização
de instituições e países, reduzindo-os pura e
simplesmente a “lixo” ! Sem dúvida que o Comunismo é
um irmão do Capitalismo, que foi originador da divisão
de classes sociais, a classe dos pobres, antigos escravos, agora
chamados de trabalhadores e a classe dos empresários, dos
políticos, dos militares e dos ricos, antigos senhores
feudais ! Isto, para não recuar mais na História !
Principalmente
na Europa, agora nas primeiras décadas do Século
XXI, estão-se a desenhar contornos de lutas sociais muito
sérias e que irão pôr em dúvida a
estabilidade futura europeia. O predomínio da ideologia ligada
às correntes neo-liberais, indo lentamente, mas
de forma decisiva para o esmagamento das classes
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trabalhadoras, passando pela baixa e média
classes sociais, tudo nos leva a concluir de que cada vez
mais o “fosso” entre ricos e pobres é cada
vez maior e profundo, o que daí poderá resultar
dramáticos embates levando a graves conflitos armados !
Os
poderosos continuam a ter uma memória curta sobre
determinados acontecimentos ocorridos num passado histórico,
nomeadamente na Europa, esquecem-se que na actualidade
o chamado povo já não é rigorosamente o mesmo, o
comum das pessoas no presente já é portador de uma
maior consciência de si mesmo e dispondo de conceitos de
cidadania que de forma alguma poderão ser comparados com a
mentalidade, forma de pensar das gerações anteriores, a
partir da Revolução Francesa 1789 a
1799 esta influenciada principalmente pelos ideais do
Iluminismo e da Independência Americana
– 1776, quando finalmente surgiu uma nova e moderna
ideologia chamada materialismo dialético (Marxismo)
fundada por Karl Marx, e por ele feito na base do
Manifesto Comunista – 1867, publicando o primeiro
volume da sua obra principal – O Capital !
Do exposto e face à situação global
com que a Europa se debate actualmente, será
possível admitir o ressurgimento do Comunismo em
algumas sociedades europeias ! Dai se infere da necessidade urgente
de os principais líderes europeus reverem as suas estratégias
geopolíticas e geoeconómicas face a esse possível
e novo renascimento !
A História tem-nos ensinado que
regra geral é através da Economia que os
poderosos deste mundo pretendem manter os seus domínios,
impondo e explorando todos aqueles que lhes sejam mais fracos, sejam
pessoas, instituições ou países e na actualidade
esse poder já presente chama-se – Mercados
Financeiros, representados e coordenados pelas chamadas
Agência de Notação Financeira e por
estranho que pareça elas são norte-americanas,
o que nos leva à conclusão de que já está
implantada uma guerra global entre o dólar, tendo como
sua aliada a libra inglesa contra o euro !
A Europa tem necessidade urgente de se
fazer representar por líderes e governantes que sejam
activos e enérgicos na defesa dos interesses
sociais e económicos das populações
europeias, mas infelizmente esses mesmos líderes estão
escasseando e os que estão no poder mostram-se evasivos,
hesitantes, pouco esclarecidos e com falta de vontade de lutar contra
o domínio económico crescente que se
está irradiando, principalmente das chamadas empresas ou
grupos multinacionais que começam a polvilhar a
superfície terrestre, estendendo os seus ávidos
tentáculos sugando a riqueza das nações
!
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Agora no Século XXI, o combate a travar contra os
gananciosos, exploradores, diríamos antes:
contra os quatro cavaleiros bíblicos do Apocalipse da
era actual – os negociantes de armas; os agentes do
terrorismo; os traficantes de drogas e finalmente os especuladores
financeiros, os quais deverão ser declarados inimigos públicos
e combatidos até à sua total extinção !
Esses mesmos quatro cavaleiros do apocalipse,
deverão ser combatidos até à sua
definitiva extinção, esta mesma afirmação
estará perfeitamente adequada numa perspectiva comunista e não
teremos quaisquer dúvidas de que eles, os comunistas, o virão
a fazer, o que está perfeitamente justificado devido à
sua génese histórica !
Perante tais perspectivas somos levados a alterar o rumo
da condução da presente análise para passar para
novos pressupostos, os quais se definem por uma
importante mudança entre “o objecto observado”
e a posição cimeira e independente do “observador”
! Diremos que relativamente ao “objecto observado”,
é uma fiel representação de todos nós
seres humanos, quando de forma comum estamos inseridos na família
humana, mergulhados e misturados nesse conglomerado imenso de milhões
e milhões de pessoas que de uma forma individual e colectiva
vive e age em diferentes acções tal como num
formigueiro, onde cada formiga exerce instintivamente uma função
própria e que completa a própria existência,
vivência e sobevivência do respectivo formigueiro !
Muito provavelmente há muitos milhares de anos os
então existentes seres humanos viviam em comunhão, onde
em esmagadora percentagem o “instinto” era o
instrumento essencial que dava orientação e protecção
da sobrevivência ao Homem como ser vivo nessas recuadas épocas
! A vida no planeta Terra caracterizava-se por duas básicas
condicionantes: a transformação do corpo
orgânico (adaptação) às sucessivas
influências e pressões do próprio
“habitat” terrestre e aí vamos encontrar os
necessários conhecimentos na “Origem das Espécies”
trabalho de investigação científica
então realizado e desenvolvido por Charles Darwin –
1809/1882;
A segunda condicionante básica,
vamos
encontra-la quando se inicia a passagem da fase
instintiva e animalesca para uma nova fase
denominada racional. Aqui a racionalidade do ser humano
começa a desabrochar, dando origem à existência
de diferentes situações de ordem moral, religiosa e
filosófica e científica. Foram necessários
milhares e milhares de anos de evolução lenta,
penosa e difícil para que a luz da razão e do
entendimento espiritual fossem raiando no espírito humano.
Nessa mesma segunda condicionante básica
designada por evolução,
nomeadamente na última metade do Século XIX e ao longo
do Século XX, o espiritualismo científico
desenvolveu-se consideravelmente com investigadores como
Paulo Gibier – autor do livro – Análise das
Coisas; Visconde de Sabóia – A Vida Psíquica
do Homem; Alberto Seabra, autor das obras: O Problema
do Além e do Destino; a Alma e o Subconsciente e Fenómenos
Psíquicos; o Conde Rochas – autor
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do livro – Exteriorização da
Sensibilidade; Gabriel Delanne, no seu livro –
Evolução Anímica; Charles Richet
(fundador da Metapsíquica); Prentice Mulford,
com a sua extraordinária obra - “As Nossas Forças
Mentais”; Henry Durville com o seu notável
trabalho de investigação - “ A Ciência Secreta”
e finalmente Descartes, o Pai da Filosofia Moderna,
este pertencente ao Século XVII. Naturalmente que estamos a
citar um número restrito de sábios, outros houve e
muitos que se distinguiram igualmente no estudo da evolução
universal do ser humano !
Na presente análise, nós estamos
especialmente interessados nos trabalhos desenvolvidos pelo médico
brasileiro – António Pinheiro Guedes, com o
seu trabalho científico – A Ciência Espírita,
seguidos depois pelo ilustre português, Luiz de
Mattos, fundador e codificador de uma nova doutrina
espiritista e espiritualista de base racional e científica e
de inspiração cristã (1910) denominada
Espiritismo Racional e Científico Cristão
e que actualmente dispõe de uma nova designação
– Racionalismo Cristão e que por várias
razões nós em Portugal sem abdicar das duas primeiras
designações, acrescentámos uma terceira –
Doutrina do Quinto Império !
Nesta abordagem ideológico/espiritualista,
não pretendemos aprofundar no aspecto científico a
doutrina em referência, mas sim fazer um desenvolvimento sobre
as suas implicações políticas,
nomeadamente nas áreas social e económica nas
actuais sociedades e em relação aos povos
europeus !
Já foi oportunamente feita uma referência
da necessidade da mudança de situação quando nos
referimos ao “objecto observado” para exactamente
situarmo-nos como “observador”, foi dado o exemplo
de um formigueiro em que um ser humano observa (observador)
situado num plano cimeiro, tal como se estivéssemos a
pairar sobre o planeta Terra, observando as miríades
de seres bípedes que se movimentando de uma
forma aparentemente cega indo colidindo uns com os outros nos seus
anárquicos percursos ! Felizes aqueles que pelo estudo e
raciocínio conquistam o estatuto de “observadores”, pois
na verdade o estudo e prática constante dos princípios
explanados pelo Racionalismo Cristão, levam certamente à
conquista e pelo trabalho honesto ao merecimento daquele
extraordinário estatuto de “observador”, ou seja: - Ser
Cidadão do mundo !
Nesta
perspectiva somos conduzidos ao nosso Luiz de Camões que no
seu Poema Épico Canto I - nos relata:
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“ .........
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte “
É extremamente curioso, observarmos e
acompanharmos os trabalhos de escritores e investigadores sobre a
eventual existência de seres extraterrestres que há
séculos nos vêm observando das suas naves que pairando
no espaço superior da Terra, procuram estudar e compreender a
psicologia dos primitivos terrícolas ! Será uma
hipótese a ter em consideração, contudo e
felizmente a realidade é outra !
De
facto, nós, humanos somos observados de forma extremamente
atenta por entidades que igualmente já viveram na Terra e que
poderão voltar a viver ! A teoria da reencarnação
já existe há milhares de anos, passando por Khrisna na
Índia; por Hermes, no Egipto, e mais perto do nosso tempo
(cerca de 3 mil anos) pelos filósofos gregos Sócrates;
Platão, Aristóteles e tantos outros sábios não
menos importantes ! O Racionalismo
Cristão,
nos seus princípios doutrinários afirma de que a Morte
Não
Interrompe a Vida e que a
vida existe fora da Matéria;
Estes
mesmos princípios podendo ser demonstrados
cientificamente,
o que no presente está a ser realizado, irão
necessariamente alterar radicalmente os hábitos e as formas de
pensar das actuais sociedades !
Ora,
se actualmente a grande ambição humana está na
sua vivência material, sendo consequentemente os valores
físicos que predominam, surgindo
como um autêntico deus o chamado vil metal (ouro)
susceptível de se transformar num outro deus “dinheiro”,
sendo efectivamente a conquista do poder, do prestígio, da
riqueza e no mando que as actuais sociedades orientam toda a sua
atenção e esforço, dando origem às
diferentes correntes do materialismo que
por sua vez geraram dois filhos:
o capitalismo e o comunismo,
as duas faces da mesma moeda porque a sua origem é comum !
Sabemos que a Natureza não dá
saltos quando
se refere à evolução da
espécie humana
e que esta ao longo de milhares de anos de luta e sofrimento através
da tentativa e do erro,
vai aprendendo a compreender-se como ser vivo, conhecendo e
interpretando gradualmente o funcionamento das leis naturais e
imutáveis que regem o Universo,
aliando-se às mesmas e acompanhando a corrente da evolução
universal
que tudo rege, assiste e abrange !
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Conforme já foi afirmado por nós, a Morte
Não Interrompe a Vida e que a Vida existe fora
da Matéria. Fizemos igualmente a afirmação
de que somos “o objecto observado”
por um número incontável de entidades que na Terra já
viveram em corpo humano e com a transição da chamada
“desencarnação” (morte) regressaram
às suas origens universais, que como partículas
da Inteligência Universal (Deus) regressam à
“Casa do Pai” e numa forma muito específica
de estágio, estudam, analisam e retiram as necessárias
ilações sobre as múltiplas experiências
que tiveram no mundo físico para então reflectirem nos
futuros caminhos a prosseguirem na senda da evolução
universal, podendo ou não voltar a uma nova
vivência em corpo físico ou então dando
prosseguimento a uma nova ascensão a planos superiores da
evolução espiritual que o planeta como Escola já
não pode oferecer !
Nós, terrestres, somos
efectivamente observados de uma forma atenta e activa.
A partícula da Força Criadora (espírito),
passa por sucessivas transformações na matéria
orgânica de que é portadora
transitoriamente e por evoluções por parte da
respectiva componente espiritual que é
inteligência, energia e luz. O ser humano é
formado por Força e Matéria as
duas componentes que formam o Universo. A vida do
espírito quando retido na matéria é
efémera e curta perante a imensidão que é a vida
espiritual da alma humana. Quando nos situamos no lado de
lá da Vida e contemplamos as ilusões
físicas, não passam estas de experiências,
vivências fugidias que depressa se esfumam no infinito
horizonte da vida espiritual.
Enquanto o ser humano não se conhecer na sua
composição astral e física de
forma ávida e incansável levará na sua curta
física a correr atrás das riquezas, dos gozos e dos
faustos que a ilusão da matéria proporciona, mas quando
se dá o desenlace com o fenómeno chamado morte
tudo fica na Terra, riquezas, poder, prestígio levando apenas
consigo os seus atributos espirituais que conseguira
desenvolver numa vida bem regrada e cheia de acções que
o enobreceram e o elevaram a um estatuto superior de cidadania
espiritual.
Assim e na nossa condição de
“observadores”, teremos efectivamente de rever a
nossa postura crítica quanto à realidade
que nos envolve e desenvolvendo um novo sentido de observação,
análise e reflexão sobre as realidades
complexas, estranhas e aparentemente contrárias e ou erradas
que caracterizam o rumo caótico das actuais sociedades
humanas, quando especificamente situadas em orientações
impostas pelas ideologias materialistas que governam a
vivência humana e então um novo espírito
contemplativo, tolerante e compreensivo se vem a
desenvolver no íntimo do “observador”,
encontrando pela via da intuição a razão
de ser de todo quanto ocorreu e ocorre no mundo !
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Não será a Democracia Representativa
vigente e muito menos a Economia dos mercados
financeiros que irão ao encontro das importantes
soluções para os grandes problemas da Humanidade,
essas mesmas soluções encontram-se fundamentalmente na
Ciência e na Espiritualidade humana, quando
esta esteja isenta de sectarismos de qualquer espécie e
nomeadamente numa actividade que se chama Trabalho, instrumento
fundamental para a evolução do espírito humano !
O
ilustre Professor Catedrático da Universidade de Economia da
Universidade de Coimbra,
Boaventura de Sousa Santos, no
seu interessante livro – “Portugal
–
Ensaio
contra a Autoflagelação,”
a dado trecho nos diz: “ . . . Segundo
a redução do
bem-estar
ao bem-estar material, baseado no consumo de bens disponíveis
no mercado, deixa de lado muitas dimensões da vida ( a
espiritualidade, o cuidado, a solidariedade, os valores éticos)
essenciais ao florescimento humano. Soa hoje menos absurda ou exótica
a iniciativa de um pequeno país
budista
entalado nos Himalaias, Butão,
que, em 1972, decidiu criar UM
ÍNDICE DE FELICIDADE
INTERNA
BRUTA
( por analogia com o Produtor Interno Bruto) para
medir o
desenvolvimento humano com base nos valores da sua
cultura . . . “.
Nos países de grande desenvolvimento tecnológico
no Ocidente, a filosofia social do bem estar do
indivíduo, tem vindo rapidamente a decair, isto devido ao
sistemático e progressivo aumento do referido desenvolvimento
tecnológico tragicamente acompanhado por uma crescente
degradação dos verdadeiros valores morais,
históricos e culturais que definem uma nação
na sua célula mais representativa que é a
Família ! O materialismo grassa de uma forma
assustadora levando o ser humano a uma voraz procura do consumismo
crescentemente incentivado pelas mais avançadas técnicas
da publicidade fortemente apoiadas pelos diferentes e diversos
agrupamentos e interesses económicos !
Pergunta-se: como sair deste situação
? Efectivamente o Professor Boaventura de
Sousa Santos, no seu já citada obra: - Portugal
– Ensaio Contra a Autoflagelação, Editora
Almedina – Ano 2011, avança com interessantes soluções,
dignas de serem estudadas porque elas apontam para perspectivas
completamente novas, onde conceitos como: - Democratizar a
Democracia; Descolonizar e Desmercadorizar, são
princípios absolutamente válidos para uma profunda
reflexão.
O pensamento do Prof. Boaventura Santos,
está perfeitamente integrado na filosofia desenvolvida pela
Doutrina do Quinto Império que aponta perante as
realidades que representam o espírito humano que justificam
plenamente uma alteração drástica presente e
futura da Humanidade perante os grandes problemas que a envolvem
quando nos referimos à sociedade de consumo que
está delapidando rapidamente os recursos naturais do planeta
que são limitados e que a espécie humana rapidamente
está consumindo, daí a plena justificação
da uma acção ecológica drástica
que urgentemente terá de ser desenvolvida;
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Com base nos princípios desenvolvidos pelo já
citado e ilustre investigador as democracias,
quer a representativa quer a participativa terão que
vir a ter uma acção mutuamente conjugada e tendo como
base os princípios representados pelo humanismo e
universalismo que a doutrina do Racionalismo Cristão
de forma magnífica formula e dando origem a uma
nova ideologia materializada no nascimento de um novo
SOCIALISMO, o qual não será de forma alguma
colectivista, não é um socialismo
de rosto humano e não sendo de igual modo
personalista, mas tendo contornos políticos,
sociais e económicos muito específicos e fundamentados
na filosofia cooperativista de António Sérgio,
que poderá servir de fonte de inspiração para um
mais amplo desenvolvimento do conceito de cidadania que
numa pura operação de alquimia semântica
nos poderá levar a uma nova fórmula de CIDADANIA
SOCIAL, onde os tradicionais partidos políticos
deixam de ter expressão para darem lugar a
um novo estatuto em que o cidadão comum
assume uma maior e mais directa responsabilidade social,
caracterizando-se e distinguindo-se pelos seus próprios
atributos que são:
1 - A Força
de Vontade;
2 - A consciência
de si mesmo;
3 - A capacidade
de percepção;
4 - A
Inteligência;
5 - O Poder de
Raciocínio;
6 - A Faculdade de
Concepção;
7 - O Equilíbrio
Mental;
8 - A Lógica;
9 - O domínio
de si mesmo;
10- A
Sensibilidade;
11- A firmeza de
carácter;
São estes, pois, os atributos do cidadão,
atributos esses que serão desenvolvidos ao longo da sua vida
física de aprendizagem na escola a que chamamos planeta
Terra, contudo, tal aprendizagem terá as suas bases
através da Educação dos jovens,
mas para isso torna-se absolutamente necessário que a
célula chamada Família, se mantenha sempre
íntegra na sua grande missão em formar espíritos
que no futuro virão a ser homens e mulheres de grande valor
moral, intelectual e espiritual dando origem à formação
de uma nova Humanidade, onde o factor
espiritualidade será sempre dominante !
Na base desta nova filosofia social, a Educação
terá uma papel nuclear na formação
cívica dos Jovens, os quais, quando chegada a
fase final da sua formação básica farão o
seu solene juramento que como futuros cidadãos,
assumirão o superior compromisso de defender e dar o seu
necessário contributo na comunidade em que estão
inseridos, não só do seu país, mas igualmente
de toda a Humanidade !
10
O Ilustre português António Sérgio,
é sem dúvida de entre os nossos mais notáveis
pensadores, aquele que se distinguiu pelo seu pensamento filosófico,
encontrando na Filosofia ou seja: a partir da geometria
analítica e da física matemática, um
verdadeiro ponto de partida e por essa mesma razão defrontou
diferentes correntes ideológicas como por exemplo “o
materialismo dialéctico de Karl Marx”, mas
sobressaiu-se nas suas famosas polémicas mantidas com Jaime
Cortesão e Teixeira de Pascoais, com o
primeiro girando à volta da questão do “parasitismo
português” e com o segundo a questão
relacionada com o saudosismo lusitano e ainda será
digno salientar de entre várias polémicas, uma terceira
relacionada com o “sebastianismo”, defendido por
Carlos Malheiro Dias, polémica esta, onde
António Sérgio afirmava que o rei
D. Sebastião, tinha sido um “fanfarrão” !
De facto o
autor da Filosofia Cooperativista, sendo
detentor de uma sólida base espiritualista foi sem dúvida
um espírito pragmático lúcido e firme !
António Sérgio com uma
energia missionária própria dos cristãos das
primeiras eras, intitulava-se o apóstolo da
vida cívica,
sendo portanto a partir da filosofia sergiana
que deveriam ser desenvolvidos os futuros alicerces de
uma nova cidadania social,
onde os princípios de humanismo e
universalismo
seriam amplamente desenvolvidos e aplicados na vida real tal como tem
vindo a ser explanado ao longo destes últimos 100 anos pelo
Racionalismo Cristão, a Doutrina do
Quinto Império !
Ao longo das nossas intervenções feitas na
base da realização de palestras, elas são
tradutoras do pensamento desenvolvido no nosso livro: -”Operação:
Quinto Império”, cujo tema central gira à
volta de uma ameaça global que vai afectar o planeta Terra, ou
seja: uma ameaça sideral sob a forma de um asteróide
de grandes dimensões que se irá aproximar do
planeta azul, destruindo-o com a sua humanidade e de toda a vida nele
existente ! Como proceder perante tal situação ?
O romance, efectivamente desenvolve várias
frentes de defesa, tais como: - o estabelecimento de
novos sistemas económicos e sociais adaptados às
respectivas circunstâncias. Felizmente na
vida real tais acontecimentos não existem, mas existem outros,
cujos implicações terão sérios resultados
a nível da Europa e até do mundo por arrastamento e
essas mesmas implicações são de natureza
financeira e económica, trazendo consigo
o caos, a miséria, o imobilismo e finalmente fome e o
sofrimento e a morte !
Portugal pela sua história de quase
nove séculos e sendo a nação mais antiga
da Europa, poderá ser portador de
“algo” que nos possa vir a oferecer uma
solução que irá ao encontro dos
problemas que o país actualmente se vem debatendo. Felizmente,
em Portugal já dispomos de um movimento de lusofonia
que pela sua acção nos poderá apontar para novos
horizontes, o que numa expressão simbólica será
um regresso ao “Passado” para povos e regiões
dispersos pelo mundo com os quais os Portugueses
conviveram e trocaram múltiplas experiências, trata-se
11
efectivamente de recuperar o nosso património
histórico, material e espiritual ! Esse mesmo
movimento de Lusofonia que já está em
marcha irá originar novas situações de mútuas
trocas, intercâmbios de ordem cultural, económica,
científica e moral de mútuo apoio no
sentido de uma maior progresso moral e material para todos os seus
intervenientes !
Temos vindo a sugerir que o Movimento de Lusofonia
já existentes precisa de um “motor ideológico”,
traduzido num conceito a que daríamos o nome de – Cidadania
Social, em homenagem a esse ilustre pensador português
que foi António Sérgio ! Será
através da sua filosofia (socialismo) cooperativista
que poderemos vir a desencadear algo de novo que na sua
base é rigorosamente democrático, dando
plena liberdade ao ser humano de ser autónomo, empreendedor e
senhor da sua livre iniciativa, passando pelo respeito rigoroso do
seu livre-arbítrio, instrumento fundamental para a sua
evolução material e espiritual e plenamente concordante
com as leis naturais e imutáveis que regem o Universo e tudo
quanto o constitui !
No que se refere à filosofia sergiana,
Portugal em parceria com o Brasil e outros países aderentes,
poderá vir a desenvolver um movimento cooperativo
a nível de todo o espaço lusófono e
não só, esse mesmo movimento abrangerá o estudo
e divulgação da língua portuguesa
e diferentes programas de formação cooperativa
junto de países, nomeadamente africanos e asiáticos
por onde a presença portuguesa historicamente se fez sentir !
Igualmente o referido movimento cooperativo terá
o seu início de dentro para fora, ou seja: a sua
implementação intensiva será feita a nível
das estruturas internas do país e estendendo-se depois aos
países de expressão lusófona !
Sobre
a nova
doutrina da Cidadania Social, cujos
fundamentos poderemos ir buscar ao pensamento
filosófico de António Sérgio, poderemos
dar o seguinte exemplo:
Ser estabelecida uma remuneração
média e desejável para cada cidadão, mas sempre
obedecendo a princípios de sobriedade e que nos altos
escalões sociais a nível de governantes,
dirigentes e responsáveis de empresas, as altas
remunerações fossem reduzidas para níveis
que obedecessem a idênticos critérios e
aí estaríamos perante uma extraordinária
realidade, realidade essa que teria profundas implicações
em termos de desenvolvimento a todos os níveis dessa futura
sociedade caracterizada pela cidadania social !
A
mudança de postura dos agentes económicos, dirigentes,
governantes e responsáveis em geral seria medida não
pela crescente capacidade de aumentarem
sistematicamente
os seus proventos pessoais,
porque na verdade o conceito de responsabilidade
não implica ter
direito a receber mais dinheiro,
mas si assumir-se como um ser verdadeiramente
activo, responsável, com capacidade de realização
e validamente interveniente no bem comum,
face àquilo que representa a realidade da
vida quer no plano material e nomeadamente no plano
moral sempre numa
12
perspectiva de espiritualidade evolucionista
que a própria Doutrina do Quinto Império,
interpreta e defende !
Tal como sucedeu com o notável Padre
António Vieira, quando escreveu a sua importante obra
- “ A História do Futuro”, prevendo e
apresentando um mítico Quinto Império,
como sociedade ideal, onde Portugal desempenharia uma
missão importante e decisiva para uma futura e mais feliz
sociedade;
Agora, no Século XXI, a Doutrina do Quinto
Império, aponta para uma futura sociedade onde irá
predominar a cidadania social virada para um mundo real
e perfeitamente integrado nas leis naturais e imutáveis
que regem o Universo, sendo as mesmas condutoras do
verdadeiro progresso quando devidamente compreendidas, onde o
livre-arbítrio do ser humano será respeitado, onde a
criatividade e a capacidade de iniciativa serão efectivamente
incentivadas e apoiadas e finalmente os sentimentos nobres do ser
humano serão uma realidade comum nessa nova sociedade !
Restaurar
o espírito do
Quinto Império de Fernando Pessoa e Agostinho da Silva,
é agora a necessidade emergente de um Portugal
que
se agita dramaticamente perante a actual conjuntura económica
e social que a Europa atravessa, sendo possível que a solução
dos problemas da Europa esteja efectivamente em Portugal, cuja
História
ao longo do tempo nos tem vindo a
transmitir sinais e mensagens de
uma possível e desejável solução que
conforme já afirmámos não passa pela economia
dos mercados
financeiros
e a democracia vigente não consegue corresponder às
reais
necessidades
de progresso de um povo e na verdade só com o apoio da Ciência
e do
maior
desenvolvimento da espiritualidade humana quando
isenta de sectarismos de
qualquer
espécie e tendo
como alavanca essencial o trabalho honesto a
Humanidade poderá almejar atingir um futuro melhor
Portugal poderá ir ao encontro da
realização da sua terceira missão no
mundo, tal como o Poeta previu em “Mensagem”
que nos diz:
Quem te sagrou
criou-te Português,
Do mar e nós em
ti deu sinal.
Cumpriu-se o mar, e o
Império se desfez.
Senhor, falta
cumprir-se Portugal.
Fernando
Pessoa
DISSE !
MUITO OBRIGADO !
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