UMA TEORIA SOBRE
O SINDICALISMO COOPERATIVO
A história do Sindicalismo tal como a do
Cooperativismo tem vindo a integrar-se num importante esforço na busca de novas
soluções face ao avanço opressivo e destruidor do neoliberalismo sobre a classe
trabalhadora. Poderemos deduzir de que a militância havida na base do espírito
de entreajuda em termos de cooperação tem vindo a produzir teoricamente novas
vias de desenvolvimento na economia social. A ação cooperativa torna-se cada
vez mais importante nos futuros desenvolvimentos que terão de ocorrer na missão
fundamental dos Sindicalismo, ou seja: a defesa firme e esclarecida da situação
social e económica do trabalhador e por outras palavras: do cidadão comum!
Espera-se da economia social em geral,
mas muito em especial das cooperativas um forte contributo na procura de novas
soluções que irão naturalmente ao encontro das dificuldades e necessidades
futuras com que se vão debater os sindicatos perante a revolução tecnológica e
a informática, deixando a indústria de ser o polo principal do processo de
produção. Várias são as consequências dessa mudança: - as linhas de montagem
são substituídas por processos de produção automatizados e assim gerando grande
número de desempregados, vindo, portanto, a afetar as organizações sindicais.
Além da redução significativa de empregos/empregados nas diferentes
organizações públicas e privadas certamente que o movimento sindical perdeu e
continua a perder cada vez mais força, influência e poder de negociação. Assim
e neste contexto torna-se cada vez mais urgente e necessário implementar
mudanças no sindicalismo enquanto há tempo e isto devido às mudanças sociais e
económicas que de forma progressiva e muito rápida têm vindo a ocorrer!
A Evolução desejável para o movimento
sindical no Século XXI.
E aqui surge a necessidade da criação de um novo
movimento sindical que aliado ao cooperativismo a que chamaria de Sindicalismo
Cooperativo poderia este ir ao encontro dos grandes problemas com que os
Sindicatos em geral estão enfrentando já no presente e com crescente
agravamento quanto ao futuro! A criação de uma nova ideologia fundamentada em
quatro princípios que seriam os seguintes: - A Solidariedade; a Sobriedade; a
Cooperação e a Espiritualidade. Sendo estes os quatro princípios os pilares de
uma doutrina avançada e totalmente independente das diferentes correntes
político/partidárias ortodoxas. A essa mesma doutrina iríamos chamar de Doutrina
da Cidadania Social!
Para que
as organizações sindicais não venham a ser extintas no médio e longo prazo
estas deveriam dirigir as suas ações para áreas da responsabilidade social como
por exemplo – a proteção de crianças de rua; o desenvolvimento da campanha
contra o analfabetismo; a formação de cooperativas de trabalhadores para gerir
fábricas falidas ou ainda criando um centro de solidariedade social
encaminhando desempregados para novas oportunidades de emprego ou para
treinamento profissional e para finalmente concluirmos considerando ser uma
solução estratégica as próprias organizações sindicais darem origem e apoiando
a criação de novas empresas cooperativas competindo no terreno com as empresas
privadas em diferentes setores das atividades económicas. No importante caso
das Cooperativas estas passam a ter uma maior e estratégica importância devido a
um crescente aumento de trabalhadores desempregados oriundos de instituições
privadas e assim como do próprio Estado como é exemplo flagrante o que está
ocorrendo em Portugal! De facto as Cooperativas representam de forma eficaz uma
notável tendência no novo mundo do trabalho e os sindicatos precisam de estarem
atentos e preparados perante uma nova organização laboral!
Uma outra
preocupação dos Sindicatos será sempre a questão da educação e qualificação
profissionais! É certo que os Sindicatos nunca deixarão de lado as suas causas
iniciais, ou seja: - lutar por melhores salários, condições de trabalho e
outros direitos e benefícios! Se as organizações sindicais não tiverem uma
visão de futuro irão fatalmente correr o risco de se tornarem absoletas!
As soluções futuras do Sindicatos encontram-se na sua
adaptação a formas cooperativas.
O Sindicalismo Cooperativo passa por uma adaptação dos
sindicatos a formas cooperativas adequadas! Um dos grandes pecados das análises
sobre o cooperativismo foi ter uma visão equivocada do processo histórico de
constituição do cooperativismo e das cooperativas e assim como uma errada visão
da natureza humana. Estas análises tentaram de forma errônea que o
cooperativismo remonta aos primórdios da Humanidade e que o ato de cooperar é
um traço, uma ligação natural do homem, podendo-se assim concluir que o
cooperativismo e as cooperativas são tão antigos como naturais! Na verdade o
cooperativismo é um movimento social resultante das consequências do
liberalismo económico no Século XIX, buscando formas alternativas para melhorar
a vida da classe trabalhadora. Surpreendentemente tudo indica de que a História
se repete uma vez que agora no Século XXI em que se verifica que o mundo
laboral novamente terá de reagir ao avanço voraz e depredador do
neoliberalismo!
A atual crise económica e social em Portugal (e na
Europa) poderá vir a ser geradora de potencialidades que devem ser aproveitadas
para as futuras mudanças que se avizinham próximas e aqui o cooperativismo e as
cooperativas poderão vir a desempenhar uma missão extremamente importante para
as classes trabalhadoras, destacando-se um elemento importante que é o facto de
a maioria esmagadora das cooperativas não estarem envolvidas nos escândalos da
economia de casino, sendo por isso uma alternativa confiável. As cooperativas
por sua génese e vocação têm um lugar próprio de intervenção social e na sua
gestão devem fomentar os princípios de responsabilidade social, quer para uso
interno, quer como modelo de influência para diferentes setores económicos e
que pela razão de não serem motivadas pelo oportunismo gerado na crise com que
Portugal se tem vindo a debater e de não praticarem despedimentos ou encerrarem
de forma fraudulenta empresas ou ainda de as deslocalizarem para o estrangeiro!
Os Sindicatos e as Cooperativas poderão certamente
contribuir de forma eficaz e conjuntamente para a criação de uma melhor
sociedade cooperando na sensibilização para os problemas sociais e praticamente
em todas as áreas das atividades económicas, contribuindo juntos para uma nova
estratégia que venha a resolver e a melhorar o desenvolvimento do Sindicalismo
e do Cooperativismo consubstanciados numa nova realidade que se passará a
chamar de Sindicalismo Cooperativo!
A Importância do Movimento Sindicalista Cooperativo nos
novos países da Lusofonia.
Nesta teoria sobre o Sindicalismo Cooperativo que
temos vindo a desenvolver poderemos igualmente lançar um olhar para os novos
países de expressão oficial portuguesa, onde e na sua maioria ainda estão em
vias de desenvolvimento, tal como em Portugal mais de dois terços da população
portuguesa carece de situações que lhe permita obter uma qualidade de vida mais
digna e com acesso equilibrado à educação e à saúde e às oportunidades de
emprego e estabilidade social cada vez mais agravadas com a austeridade dura
que o atual governo de maioria PSD/CDS tem vindo a impor aos Portugueses nestes
últimos três anos e meio! Na perspetiva de que venha a ser gerado em Portugal
um novo movimento cívico/social que se designaria por Sindicalismo Cooperativo que
teria por base a Doutrina da Cidadania Social, doutrina esta totalmente descomprometida
com quaisquer correntes ideológicas de ordem político/partidárias. O novo
movimento sindicalista cooperativo na sua natureza e estrutura teria uma base
científico/espiritualista gerada pela formação da Doutrina da Cidadania Social,
a qual como já foi afirmado não teria qualquer ligação com outras correntes político/partidárias
ortodoxas! Com o desenvolvimento e implementação em Portugal do Sindicalismo
Cooperativo ir-se-ia ao encontro de diferentes soluções, no que se refere à
população ativa portuguesa em que mais de 20% encontra-se desempregada e com
elevado destaque dos desempregados de longa duração que deverão atingir cerca
de 400.000 portugueses! O novo movimento Sindical Cooperativo mediante o
estabelecimento de acordos formais com os países lusófonos poderiam vir a ser
extensivos a esses mesmos países através da elaboração de protocolos que
abrangessem importantes áreas como a saúde, a educação, as artes e outras
atividades culturais, científicas e até económicas. O Voluntariado estaria
presente de uma forma bem desenvolvida e apoiada por instituições nacionais e
internacionais, nomeadamente com países da União Europeia vocacionados para
estes tipos de apoios que seriam obviamente técnicos e financeiros.
Nesta perspetiva a ação sindical cooperativa
tornar-se-ia muito importante por ser amplamente participada com respeito pela democracia
e pelo fomento coletivo da participação, que na atualidade mais do que nunca e
face à conjuntura em Portugal e na Europa está plenamente na ordem do dia. O
Sindicalismo Cooperativo poderá certamente contribuir de forma definitiva para
a existência de uma melhor sociedade na base da cooperação e na sensibilização
para todos os problemas sociais e em áreas importantes como a defesa dos
direitos laborais, dos consumidores bem como do meio ambiente e o desenvolvimento
sustentável da Economia Social e daí ser necessário e urgente a elaboração de
um projeto global de desenvolvimento para Portugal!
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