quinta-feira, 26 de agosto de 2010

NACIONALIZAÇÃO

Um meu bom amigo e ilustre racionalista cristão num dado dia em conversa connosco, estávamos abordando  alguns temas relacionados com a existência do Racionalismo Cristão em Portugal, nós a dado momento observámos que achávamos estranho certos comportamentos por parte de responsáveis da Doutrina tanto em Portugal como no Brasil e comparávamos a actual literatura racionalista cristã - como por exemplo a forma  como eram apresentados algumas temas doutrinários considerados decisivos e importantes com outros de há 40 ou 50 anos, verificando-se que naquela antiga literatura se transmitia um espírito eminentemente português, citando-se o Padre António Vieira, D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal; o famoso discurso de António José de Almeida quando visitou o Brasil na sua qualidade de Presidente da República Portuguesa ! E por aí fora ! Na actual literatura contida nos livros doutrinários actuais e editados no Brasil essa mesma efusão histórica, própria da História e Cultura portuguesas tem vindo sistematicamente a diluir-se no esquecimento ! Compreendemos perfeitamente que um país novo como é o Brasil, queira consolidar a sua própria identidade e afastar-se da nação-mãe  que foi Portugal, mas até  chegar, digamos quase de uma forma que diríamos inconsciente tentar inverter todo um processo natural de origem histórica e de laços consanguineos, cremos ser um rematado erro . . . pois o nosso bom amigo e companheiro, sorriu e apenas pronunciou: "
" NACIONALIZAÇÃO " !!!
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Com aquela simples afirmação no nosso espírito sentimos um "toque intuitivo" que nos fez vislumbrar a realidade sobre aquilo que ocorria  no pensamento e objectivos dos actuais responsáveis da Doutrina em terras brasileiras: - Querem NACIONALIZAR uma Doutrina como o Racionalismo Cristão, criando condições aparentemente próprias e tentando apagar a presença do passado . . . uma Doutrina que na verdade é uma vivíssima  expressão do pensamento profético de Padre António Vieira; Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, quando se referem ao Mito do Quinto Império !

Se o fundador e codificador do Racionalismo Cristão que foi português voltasse de novo a este mundo físico ficaria extremamente preocupado, pois quando reencarnado e na sua época mostrou sempre ser um homem de princípios verticais; livre pensador; ilustre filantropo e acima de tudo ser um português íntegro e amante de duas pátrias - Portugal e Brasil.
Luís de Matos na sua postura política e social foi sempre um liberal e defensor das liberdades democráticas e tanto é que o provou vastamente como abolicionista e igualmente defensor da classe operária - tendo defendido algumas importantes leis sobre o trabalho ele contribuiu de forma decisiva para que as referidas leis fossem legisladas e aprovadas.
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Quem tiver observado nestes últimos vinte anos tem de concluir que a organização interna e administrativa do Racionalismo Cristão se apresenta como uma sociedade secreta, vivendo e actuando sempre para "dentro ou como sendo um agrupamento fechado em si " com a sua excessiva centralização de poderes ! Luís de Matos, quereria que a sua Doutrina crescesse e progredisse de dentro para fora e que países como Portugal e Cabo Verde ou em qualquer outro país onde a o RC se expandisse  a respectiva organização tivesse a sua própria autonomia administrativa, política e jurídica - exemplificando: cada país tivesse  uma sede social e administrativa com estatutos próprios que teriam capacidade e personalidade jurídicas. Cada povo, cada homem tem direito à sua liberdade, a ter decisões e iniciativas que contribuam para a sua própria evolução. Infelizmente tal realidade não existe e estamos perante uma organização autocrática, tornando-se uma perfeita negação à grande conquista do espírito que é o livre-arbítrio e que o Racionalismo Cristão defende como uma das suas grandes bandeiras !

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