Sábado, 27 de Novembro de 2010
O RACIONALISMO CRISTÃO e as suas implicações sociais, culturais e políticas em Portugal.
Apesar dos 100 anos decorridos sobre uma doutrina como o Racionalismo Cristão nunca foi feita uma análise crítica sobre a mesma. As suas implicações de ordem social, cultural e até política nunca foram analisadas ! Seria interessante fazer-se um estudo sociológico e psicológico sobre a influência real de uma doutrina que é de base espírita, espiritualista, mas cuja componente científica tão defendida pelo seu fundador o português ilustre que foi Luís de Matos nunca foi conseguida ! Pela experiência que temos de mais de 50 anos de conhecimento e prática podemos hoje ser levados a retirar algumas conclusões importantes que na sua generalidade, infelizmente, consideramos desfavoráveis devido principalmente à má orientação imprimida nestes últimos 27 anos que têm o seu início com a desencarnação ( 12 de Junho de 1983) do grande dirigente português António do Nascimento Cottas.
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A nossa experiência situa-se em Portugal, sendo-nos permitido retirar algumas ilações. Em 2004, apresentámos superiormente (ao Representante Regional em Portugal) um trabalho formal de análise sobre a situação da Doutrina em Portugal e os resultados obtidos foi a verificação da existência de um número reduzido de filiais e correspondentes e a maioria dos seus militantes terem idades da ordem dos 50, 60 e 70 anos e o índice cultural apresentar-se relativamente baixo, salvo algumas excepções e igualmente verificou-se uma acentuada ausência de jovens, tendo todas as filiais e correspondentes uma grande precaridade em meios financeiros e pessoas. Sobre uma esperada resposta do trabalho então apresentado por parte das respectivas hierarquias nunca foi expressa qualquer opinião sobre o mesmo.
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Das observações que temos vindo a realizar ao longo do tempo e em conformidade com o estudo acima apontado, verifica-se existir um persistente isolamento nas poucas filiais e correspondentes existentes em território português, esse mesmo isolamento mais se acentua nas ilhas dos Açores. A ausência de equipamentos e a indisponibilidades de fundos é notória, verificando-se como sendo uma constante que os encargos financeiros são sempre assumidos por alguns militantes mais dedicados. Em Portugal não existe qualquer tipo de tentativa de divulgação junto dos órgãos de comunicação social ou tenham sido feitos quaisquer outros tipos de iniciativas. Tem-se verificado igualmente uma orientação por parte dos responsáveis locais exageradamente restritiva e até de ordem repressiva, verificando-se a existência prévia de uma censura que bloqueia qualquer tipo de iniciativa de um ou outro militante que vise um maior conhecimento e divulgação públicas da doutrina racionalista cristã.
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Em Portugal poderá ser traçado um perfil psicológico do militante comum desta doutrina que ao longo do tempo se tem vindo a mostrar uma pessoa fechada, individualista e dogmática, destacando-se nesse mesmo perfil por parte de alguns dirigentes que manifestam por vezes atitudes de índole repressiva e prepotente, tendo um comportamento contrário aos princípios defendidos pela doutrina que são de liberdade de expressão, capacidade de iniciativa e abertura ao diálogo. De facto é surpreendente de que em Portugal uma doutrina que tendo como princípio básico a disciplina, mas fundamentada em princípios amplamente democráticos e totalmente vocacionada para um fraternal relacionamento cristão e apetência para o estudo do espírito e da espiritualidade seguindo regras científicas não tenha conseguido ao longo destes últimos 27 anos atrair mentes cultas e interessadas em estudá-la, aprofundá-la e a desenvolve-la !
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As causas que explicam aquele fenómeno estão localizadas no comportamento e orientação dada pelos principais responsáveis brasileiros que seguindo uma determinada orientação que politicamente consideramos concentrista só têm vindo a obter fora do Brasil e no caso específico de Portugal, atrasos e bloqueamentos no próprio processo evolutivo dos respectivos militantes desse mesmo país, chamando-se a atenção desses dirigentes que todas aquelas consequências são o resultado final da sua condução central, cabendo-lhes uma quota parte da respectiva responsabilidade ! É compreensível que qualquer país, seja ele qual for não poderá exercer uma ingerência de carácter intelectual e espiritual sobre outro país que na realidade é soberano em que os seus cidadãos dispõem do seu livre arbítrio para conduzir as suas vidas ! Apenas se conhece um exemplo histórico de um dirigismo centralizador - a Igreja Católica com a sua sede em Roma !
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O facto de terem sido importados do Brasil alguns cultos religiosos que em grande parte foram bem recebidos pela população portuguesa, alguns deles conseguido um sucesso notável, conquistando centenas e até milhares de seguidores. Com o Racionalismo Cristão os resultados da sua divulgação e expansão são simplesmente deploráveis em termos quantitativos e qualificativos ! Pois, temos de ter em consideração de que o Racionalismo Cristão é uma doutrina filosófica, espiritualista e científica com raiz eminentemente portuguesa, nacionalidade dos seus fundadores que nunca abdicaram dela e de forma alguma poderá ser considerada uma doutrina estrangeira e importada para Portugal !
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No presente a questão prática que se põe é: QUE FAZER ?
Jacinto Alves - Círculo de Estudos Eclécticos e Acção Cultural Maria de Oliveira
circulodeestudoseclecticos.blogspot.com
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